O romance lançado há 65 anos ainda descortina horizontes do Mundo Espiritual para muitos
Há 65 anos era lançado “Nosso Lar”, primeiro livro da safra mediúnica de André Luiz, que viria a tornar-se não apenas um best-seller (com mais de 1,5 milhões de cópias vendidas até hoje) mas um novo paradigma para o Espiritismo brasileiro.
O autor espiritual relata suas vivências após seu desenlace, suas angústias, incertezas, e surpresas ao se deparar com um mundo tão físico quanto o que acabara de deixar. De fato, Nosso Lar consegue por meio de suas descrições minuciosas e seu estilo jornalístico demonstrar uma realidade espiritual conhecida “na teoria” pelo grande público, que foi exemplificada em todos os seus detalhes, com os conceitos espiritistas todos trabalhados em situações complexas dentro do livro. Vide, por exemplo, a rotulação de suicida logo após sua desencarnação (por seus hábitos de vida desregrados com relação a alimentação e bebidas), ou mais adiante quando relata o convívio das duas esposas que Tobias teve em vida. O livro não apresenta nem o Céu, nem o Inferno, apenas o homem e sua consciência, seus atos e suas conseqüências.
A importância de Nosso Lar é difícil de ser avaliada. Considerado em votação pelo portal Candeia o maior romance espírita do século XX, Nosso Lar abriu portas para o mercado editorial espírita – hoje os livros espíritas saem com o dobro de tiragem de quaisquer outros livros – renovou conceitos e manteve a pureza doutrinária de Kardec – ainda ameaçada no início do Espiritismo no Brasil – e, acima de tudo, tornou acessível ao grande público, de maneira factível, a realidade espiritual da vida, do destino e do ser. Foi inspiração ainda para diversas obras sociais e já conta com traduções para mais de uma dezena de idiomas, num esforço do CEI (Conselho Espírita Internacional) para divulgação de obras-chave do Espiritismo ao redor do mundo.
Embora Emmanuel comente que Nosso Lar não é único na tentativa de comentar a vida espiritual, certamente é o que mais repercussão teve. Tomo a liberdade de convidar a todos à leitura desse formidável romance, do qual transcrevo uma das mais belas introduções já escritas:
“A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões.
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.
Cerrar os olhos carnais contitui operação demasiadamente simples.
Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser.
Oh! Caminhos das almas, misteriosos caminhos do coração! É mister percorrer-vos, antes de tentar a suprema equação da Vida Eterna! É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento espiritual!...
Seria extremamente infantil a crença de que o simples “baixar de pano” resolvesse transcendentes questões do Infinito.
Uma existência é um ato.
Um corpo – uma veste.
Um século –um dia.
Um serviço – uma experiência.
Um triunfo – uma aquisição.
Uma morte – um sopro renovador.
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?
E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais e posições definitivas!
Ai! por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do espírito!
É preciso muito esforço do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira – ele só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.
Muito longa, portanto, nossa jornada laboriosa.
Nosso esforço pobre quer traduzir apenas uma idéia dessa verdade fundamental.
Grato, pois, meus amigos!
Manifestamo-nos, junto vós outros, no anonimato que obedece à caridade fraternal. A existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade. Aliás, não nos interessaria, agora, senão a experiência profunda, com os seus valores coletivos. Não atormentaremos alguém com a idéia da eternidade. Que os vasos se fortaleçam, em primeiro lugar. Forneceremos, somente, algumas ligeiras notícias ao espírito sequioso dos nossos irmãos na senda de realização espiritual, e que compreendem conosco que “o espírito sopra onde quer”.
E, agora, amigos, que meus agradecimentos se calem no papel, recolhendo-se ao grande silêncio da simpatia e da gratidão. Atração e reconhecimento, amor e júbilo moram na alma. Crede que guardarei semelhantes valores comigo, a vosso respeito, no santuários do coração.
Que o Senhor nos abençoe,
André Luiz.”
"Mensagem de André Luiz", in Nosso Lar, pelo Espírito André Luiz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Nosso Lar é uma joía rara do espiritismo. Já lí o livro 3 vezes e a cada releitura, descubro coisas que não havia percebido anteriormente. Quem não leu deveria ler.
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