"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


16 dezembro 2013

"Deus conosco"


O livro "Deus Conosco", uma coletânea de mensagens do espírito Emmanuel, psicografadas por Chico Xavier entre as décadas de 1930 a 1950, reúne uma série de escritos recebidos em contexto familiar de valioso conteúdo histórico e doutrinário. As mensagens versam sobre temas cotidianos, sobre os novos livros recebidos por Chico, os caminhos que o movimento tomava à época e orientações pessoais à algum conhecido que frequentava as sessões.

As mensagens foram guardadas todo esse tempo por Wanda Joviano, filha de Rômulo Joviano, patrão de Chico que muito auxiliou o então novato médium a organizar as mensagens e os livros que recebia do Além. No plano espiritual a família Joviano também não descansava. O espírito Neio Lúcio era na verdade Arthur Joviano, avô de Wanda que se comunicava aos familiares e transmitiu uma grande gama de ensinamentos evangélicos. Seu livro mais conhecido é "Jesus no Lar", publicado pela FEB.

É interessante observar ao longo das 600 páginas do livro o desenvolvimento do movimento espírita e a mediunidade cada vez mais sofisticada de Chico Xavier. O livro traz ainda várias informações históricas sobre Emmanuel, um resumo de suas reencarnações e uma farta bibliografia de apoio mostrando grande senso de responsabilidade dos organizadores, Wanda Joviano e Geraldo Lemos, que se esforçaram por indicar fontes de todas as informações e relatos de testemunhas.
Trata-se, portanto, de um livro fundamental a todos os interessados no movimento espírita e que traz consolo e orientação com a escrita fraterna e sublime de Emmanuel.

"Deus Conosco", pelo Espírito Emmanuel e psicografado por Francisco Cândido Xavier. Organizado por Wanda Joviano e Geraldo Lemos. Editora Vinha de Luz, 2007

09 dezembro 2013

A vida com um sorriso



São 176 páginas com algumas histórias de um espírito muito iluminado, mas que vivia em nosso mundo e por isso se deparou com algumas situações que também fazem parte de nossa vivência.

“Rindo e Refletindo com Chico Xavier” escrito por Richard Simonetti é uma obra que não pode ser lida de uma vez só, o ideal é que fique sempre em lugar visível para o fácil acesso, assim será como se pedíssemos o conselho do próprio Chico a cada situação que procuramos a melhor resposta.

No livro, Richard oferece alguns episódios da vida do médium que trazem sempre um aprendizado cristão, traduzido pela simplicidade e humildade característica de Chico, e sempre fiel aos princípios da Doutrina Espírita.

São histórias breves, que logo em seguida são comentadas com base em princípios doutrinários por Richard. Um destaque é o bom humor do autor e daquele que serve como exemplo, transformando a leitura em algo saboroso, quase um almoço na casa da vó no domingo, você sente aquele cheiro bom e pede um pedaço para experimentar, e a vó nunca se nega.

Só para ilustrar algo do livro, transcrevo aqui uma história contada em “Rindo e Refletindo com Chico Xavier”, o trecho também pode ser lido no site do autor, basta clicar em ”Richard Simonetti”.

A Pulga
Entusiasmada com a revelação que lhe fora feita por um médium, a senhora comentou:
– Chico, recebi uma notícia maravilhosa!
– O que foi, minha irmã?
– Minha identidade nos tempos apostólicos!
– Beleza!
– Fui mártir. Estive no Circo Romano. Morri devorada por um leão!
Ante a admiração do médium, perguntou:
– E você, Chico, já sabe quem foi?
– Ah! minha irmã, sei sim…
– E daí? Estou curiosa…
– Fui a pulga do leão.


01 dezembro 2013

Cristãos



A denominação “cristão” para aqueles que seguem o exemplo de Jesus Cristo parece muito simples de entender hoje, porém esse termo não nasceu no mesmo momento em que o Cordeiro estava encarnado na Terra, mas surgiu algum tempo depois de seu desencarne.

No livro “Paulo e Estevão” escrito por Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier é contada como surgiu a denominação “cristão”. A obra toda é um grande celeiro de estudos sobre os primeiros seguidores do Cristo bem como a simplicidade como é vivido o exemplo do mestre, além de contar a história de uma das almas mais iluminadas que nosso planeta abrigou.

Porém não é o objetivo deste texto tratar sobre o conteúdo total, mas sim parte dele, para conhecer a resenha do livro publicada neste blog é só clicar aqui “Paulo e Estevão”, mas agora vamos nos ater ao capítulo IV (Primeiros Labores Apostólicos) da Segunda Parte do livro.

Saulo (ainda não havia mudado seu nome para Paulo) já havia se convertido aos ensinamentos do Cristo e se encontrava na cidade de Tauro exercendo suas atividades de tecelão. Em certo dia ele recebeu a visita de Barnabé, um discípulo da casa de Jerusalém, que buscava auxílio para alguns problemas enfrentados no núcleo fundado na cidade de Antióquia, convidando o convertido de Damasco a viajar até lá.

Identidade
Aqui vale lembrar que as atividades em Antióquia começaram com os discípulos vindos de Jerusalém sob a sugestão de Simão Pedro. O núcleo atraía muitos viajantes devido aos trabalhos de caridade e pelos fenômenos que aconteciam ali, um desses foi o jovem médico chamado Lucas.

Lucas se afeiçoou muito a Saulo, e teve com o futuro “apóstolo dos gentios” momentos de muita conversação e aprendizado naquele primeiro encontro em Antióquia. Porém houve tamanha identificação ente os dois que empreenderam diversas viagens posteriormente na divulgação da obra de Jesus.

No entanto, ainda naquela estada em Antióquia, após terminada uma das reuniões para o estudo dos ensinos de Jesus, Lucas pediu a palavra para se despedir dos companheiros, pois sairia em viagem, e propôs uma nova designação:

“Irmãos, afastando-me de vós, levo o propósito de trabalhar pelo Mestre, empregando nisso todo o cabedal de minhas fracas forças. Não tenho dúvida alguma quanto à extensão deste movimento espiritual. Para mim, ele transformará o mundo inteiro. Entretanto, pondero a necessidade de imprimirmos a melhor expressão de unidade às suas manifestações. Quero referir-me aos títulos que nos identificam a comunidade.
Não vejo na palavra ‘caminho’ uma designação perfeita, que traduza o nosso esforço, Os discípulos do Cristo são chamados ‘viajores’, ‘peregrinos’, ‘caminheiros’. Mas há viandantes e estiadas de todos os matizes, O mal tem, igualmente, os seus caminhos, Não seria mais justo chamarmo-nos — cristãos — uns aos outros?
Este título nos recordará a presença do Mestre, nos dará energia em seu nome e caracterizará, de modo perfeito, as nossas atividades em concordância com os seus ensino”.

A sugestão de Lucas foi aprovada por todos com muita alegria, segundo conta Emmanuel no livro. Todas as informações deste texto foram tiradas da obra citada.

26 novembro 2013

Que tipo de aluno sou?



No Espiritismo estamos sempre falando de provas e expiações, porém em algumas situações não sabemos se nos encontramos na primeira ou segunda condição. Essa dificuldade acontece porque não compreendemos o que significa uma e outra.

Emmanuel em “O Consolador” nos ilustra a diferença na resposta à pergunta 246: “A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime”.

Procurando analisar essa resposta podemos notar que em provação é usada a palavra ‘discípulo’, enquanto que na segunda Emmanuel fala em ‘malfeitor’. Daqui vemos que parte da concepção que difere as duas situações diz respeito ao nível de consciência, pois um discípulo não é alguém perfeito, mas sim um iniciado em algum conhecimento, enquanto que um malfeitor desconhece ou descumpre regras e leis.

Filtro
Tendo isso em mente podemos observar outro ponto, mas agora quanto ao caminho percorrido. Na resposta de Emmanuel, o discípulo encara isso como uma ‘luta’, enquanto que para o malfeitor é uma ‘pena’. Aqui o interessante é que encontramos um ponto em comum entre as duas situações, ambos enfrentam dificuldades, sejam elas de forma voluntária (por um ideal) ou imposta.

Com essa visão diante do caminho escolhido é possível notar que não apenas o nível de consciência se faz presente em relação ao aprendizado (conhecer ou desconhecer/descumprir regras), mas sim é perceptível como opera o aprofundamento deste conceito, pois a maneira como é vista a direção seguida mostra como é utilizado o conhecimento adquirido ou ignorado.

É como se o conhecimento, seja pequeno ou grande, funcionasse como um filtro em que o mundo passasse por ele, chegando a nós aquilo que o filtro permitiu, ou seja, se vamos ter mais ou menos grãos em nossa água será de acordo com a nossa capacidade de filtrar.

Dessa forma, podemos falar em prova ou expiação de acordo com a nossa bagagem de conhecimento internalizado em nosso ser, ou seja, daquilo que aprendemos e conseguimos colocar em prática, pois, por exemplo, não adianta nada conhecer todos os reflexos bioenergéticos do perdão senão soubemos perdoar quem pisou no nosso pé na fila do supermercado.


Aulas diárias
Uma sala de aula tinha 30 alunos jovens entre idades de 16 e 17 anos, porém dois deles se destacavam: o primeiro mantinha uma disciplina de estudo enquanto o outro não era afeito a esse tipo de atividade e nem se importava com isso.

Pois bem, é dia de prova de Matemática, a classe tem três horas para terminar o teste de 20 questões. O primeiro encontra dificuldades, pois essa atividade não deixa de causar um desconforto por se tratar de um método de avaliação de conhecimento, mas vê naquelas questões uma maneira de encontrar os seus pontos de maior dificuldade e com isso aumentar a eficiência do seu aprendizado.

Porém o segundo não está preparado para dar a resposta adequada a certos problemas, então vê aquilo como um grande castigo por não ver motivo aparente do porquê precisa passar por aquilo, tendo em vista que até o momento não era necessário se preocupar com nenhum assunto envolvido ali.

Muitas vezes apresentamos esses comportamentos diante de situações da nossa vida, em alguns pontos parecemos o primeiro estudante, aprendemos várias coisas durante a nossa trajetória e a resignação nos mostra que tudo tem um fim útil, sendo a dificuldade como uma prova de modo a atestar se realmente aprendemos algo.

Porém quando pensamos em nossa historia como punição estamos afirmando a nossa ignorância diante dos conhecimentos que ainda não assimilamos, mostrados pelo nosso despreparo diante da situação.








17 novembro 2013

Sofrer é preciso.

Ninguém gosta de sofrer ou ficar triste, passamos a vida inteira em uma busca frenética e constante atrás da felicidade e, quando a encontramos, desejamos que ela dure pra sempre e consequentemente nossa vida se torne um conto de fadas com final feliz. Mas infelizmente não é assim, pelo menos não em nosso estágio atual de desenvolvimento espiritual, com certeza um dia chegaremos ao estágio de felicidade plena e constante mas ainda estamos muito longe disso e temos muito a aprender. Costumo sempre dizer que a felicidade a qual conhecemos atualmente é do tipo variável e inconstante, ou seja, ela vem mas não dura, basicamente um indivíduo pode-se declarar feliz durante boa parte de sua vida, mas ele mesmo sabe que haverá momentos turbulentos, de dor, de sofrimento.

Antes que você, caro leitor, comece a desconfiar de que eu esteja desejando que você não seja feliz, ou pior, que sofra, vou tentar explicar um pouco como o sofrimento nos ajuda, por mais estranho que isso possa parecer.

O que é o sofrimento?

Uma rápida consulta ao dicionário nos traz algumas respostas:

Significado de Sofrimento

s.m. Dor física ou moral; padecimento, amargura.
Desgraça, desastre.

Sinônimos de Sofrimento

agrura, desconsolação, desgosto, mágoa e pesar.

É simplesmente uma condição em que nos coloca em um estado muito difícil de se lidar e que muitas vezes suspende nossa rotina normal até que uma solução apareça. O que ocorre é que nesse meio tempo acabamos, mesmo que muitas vezes "involuntariamente", refletindo sobre o motivo de estarmos passando por isso, como devemos proceder para encontrar solução para seguir em frente e, mais importante ainda, compreender o fato para que no futuro evitemos isso novamente, ou seja, um verdadeiro aprendizado.

Como conhecer a felicidade plena sem antes saber como é o seu oposto? Tudo tem os seus dois lados, o seus opostos, como o bem e o mal, o calor e o frio, o ar e o vácuo, não se explica um se antes conhecer o outro e assim é também com a felicidade e o sofrimento. Sofrer é preciso para que possamos conquistar a felicidade. Mesmo diante do sofrimento devemos refletir e tentar extrair coisas positivas daquele momento, esse é o aprendizado da vida onde a felicidade é o resultado positivo das coisas negativas que enfrentamos, pois não haveria sentido em ser feliz sem nunca ter sofrido.

Vejamos então o que nos diz o Evangelho Segundo o Espiritismo sobre esse ciclo entre o sofrimento e a felicidade, no Capítulo V - Itens 1 a 3:

Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. — Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. — Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, vv. 5, 6 e 10.)
Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. — Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. — Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 20 e 21.) 
Mas, ai de vós, ricos que tendes no mundo a vossa consolação. — Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 24 e 25.)

Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contra-senso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos.

Fica claro nas citações acima o ciclo em que a felicidade não é duradoura mas ao mesmo tempo o sofrimento também não, passa-se por um para chegar ao outro e assim vamos alternando nesse aprendizado não só nessa vida atual como nas outras que virão e nas que já passaram.

A vida é uma escola onde estamos em franco aprendizado durante nossa jornada, mesmo sofrendo estamos tendo a oportunidade de aprender e essa é a verdadeira felicidade, é a recompensa por ter vencido um momento difícil e conseguido seguir em frente, por isso, sem dúvidas, sofrer é preciso e ser feliz é consequência.

23 setembro 2013

Pela causa

Nós, espíritas, não somos nada especiais só pelo fato de termos o contato com a doutrina, porém, isso nos torna mais responsáveis, pois o Espiritismo traz a oportunidade de compreensão dos mecanismos muitas vezes tidos como sobrenaturais, assim como suas causas e efeitos.

Dessa forma, já não é possível alegar ignorância quanto as responsabilidades provocadas pelas nossas ações, pois a partir do momento em que há a consciência do fato, a omissão gera igual, ou até um maior grau de comprometimento na situação, tendo em vista a nossa possibilidade de ação.

Essa responsabilidade não está apenas na vida, mas também em relação a doutrina, algumas vezes não damos a devida atenção com o contato com o Espiritismo e até prejudicamos seu andamento. André Luiz no livro "Opinião Espírita" (Chico Xavier e Waldo Vieira) mostra "Vinte modos como nós, espíritas, perturbamos a marcha do Espiritismo.

1 - Esquecer a Reforma Íntima
2 - Desprezar os deveres profissionais
3 - Ausentar-se das obras de caridade
4 - Negar-se ao estudo
5 - Faltar aos compromissos sem justo motivo
6 - Rogar privilégios
7 – Escapar deliberadamente dos sofredores para não prestar-lhes pequeninos serviços
8 – Colocar os princípios espíritas à disposição de fachadas sociais
9 – Especular com a Doutrina em matéria política
10 – Sacrificar a família aos trabalhos da fé
11 – Açambarcar muitas obrigações, recusando distribuir a tarefa com os demais companheiros ou não abraçar incumbência alguma, isolando-se na preguiça
12 – Afligir-se pela conquista de aplausos
13 – Julgar-se indispensável
14 – Fugir ao exame imparcial e sereno das questões que concernem à clareza do Espiritismo, acima dos interesses e das pessoas
15 – Abdicar do raciocínio, deixando-se manobar por movimentos ou criaturas que tentam sutilmente ensombrar a área de esclarecimento espírita com preconceitos e ilusões
16 – Ferir os outros com palavras agressivas ou deixar de auxiliá-los com palavras equilibradas no momento preciso
17 – Guardar melindres
18 – Olvidar o encargo natural de cooperar respeitosamente com os dirigentes das instituições doutrinárias
19 – Lisonjear médiuns e tarefeiros da causa espíritas
20 – Largar aos outros as responsabilidades que nos competem

09 abril 2013

Espiritismo e espiritualismo



Para quem inicia os estudos no Espiritismo, ou mesmo quem busca conhecimento na área do mundo espiritual pode se deparar com palavras e expressões que podem causar certa dúvida.

Por exemplo, Espiritismo é a mesma coisa que espiritualismo? Espírita é o mesmo que espiritualista? Pois então, vamos desenvolver uma pequena reflexão sobre esses princípios básicos

O codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, ressalta que essas palavras relatam conceitos diferentes. Segundo a introdução do “O Livro dos Espíritos” (1857) o termo “espiritismo” foi um neologismo cunhado por Kardec para designar, especificamente, a Doutrina dos Espíritos. Vale ressaltar que essa obra é o marco inicial do movimento.

Kardec é claro quanto às diferenças entre os termos, observe o trecho: “Os vocábulos espiritual, espiritualista e espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual e espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria.”

Racionalidade
Dessa forma, podemos observar que acreditar em esp
íritos não necessariamente torna uma pessoa espírita, pois este último é quem segue os preceitos ensinados pelos Espíritos superiores, movimento iniciado com a codificação de Kardec, e difundido por outros autores, em especial pela psicografia de Chico Xavier.

No prólogo de “O Livro dos Espíritos”, os espíritos responsáveis por transmitir a mensagem a Kardec salientam essas características.

“Este livro é o repositório de seus ensinos. Foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema. Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido por eles examinado. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação constituem obra daquele que recebeu a missão de publicá-los”.

Assim podemos falar que o Espiritismo é uma crença espiritualista, pois crê na existência dos espíritos (como a Umbanda, por exemplo), porém é fundamentado em preceitos específicos de uma filosofia racional.