Todos nós experimentamos o medo. Faz parte do que é mais peculiar a nossa evolução humana pois nos dá a medida exata de nossa limitação. É o que nos impede de pular grande altura, nos faz olhar a rua ao atravessá-la ou que nos faz pensar dez vezes ou mais ao dizer algo pouco elogioso a alguém. Mas medo de quê? Basicamente, de algo ruim que sobrevenha dessas situações, e em última instância, de nosso próprio fim...
Em tudo quanto experimentamos nessa vida, temos na morte o maior impeditivo a todas nossas realizações e desejos. Ela vai chegar, inexoravelmente. E lutamos a ansiamos muito para postergarmos o dia de nosso encontro com ela. Pior ainda, não sabemos como ela virá, como Raul Seixas muito bem escreveu em seu tango "Canto para a minha morte" - um dos melhores retratos de nossa posição ambígua diante da morte, de curiosidade e medo. Pode vir da queda de um andaime, de uma doença incurável ou da violencia de outro ser humano. E porque a tememos, sempre tentamos medir as consequencias de nossos atos e de situações que coloquem em risco a nossa vida, ou em menor nível, de tudo aquilo que possivelmente venha a nos prejudicar de alguma maneira, e em muitas vezes esse medo que sentimos não se encontra racionalmente justificado. É o eterno confronto entre o "Eros" e o "Thanatos", a pulsão de vida e morte de Freud, o que de mais essencial se resume a vida de um ser humano: viver e morrer.
Mas mesmo sendo tão natural o medo e tão saudável para nossa manutenção enquanto espécie, algumas vezes ele foge da medida e começa a nos atrapalhar mais do que ajudar. Existem muitas descrições em psicopatologia com o medo como sintoma chave. A fobia, medo desproporcional a periculosidade incutida em um determinado objeto ou situação é uma delas. A ansiedade, a antecipação de um evento e seus possíveis desdobramentos, gera frequentemente grandes inseguranças e medos difíceis de controlar. O transtorno do estresse pós-traumático, em que alguem após passar grande trauma, passa a reviver todo o medo (ou terror, grau extremo de medo) da situação estressante vivida ao entrar em contato com algum "gatilho" que reviva sua memória. Todas essas são situações que nos prejudicam muito e que precisamos tentar compreendê-las e tratá-las para um melhor aproveitamento de nossas vidas, porque, caso contrário, troca-se o "medo de morrer" pelo "medo de viver" e acabamos nos fechando demais pra vida. Alguns medos podemos identificar suas causas; outros não, remontam de conteúdo inconsciente, dessa ou de outra vida, mas são sempre passíveis de melhora e de um bom cuidado.
É preciso muita coragem para enfrentar os próprios medos.... Parabéns a nossa amiga Márcia que deixou seu recado no mural.
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