"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


24 junho 2009

A Célula do Espiritismo

Pela valorização dos Centros Espíritas

Creio valer a pena relembrarmos nesse momento um importante texto de Allan Kardec contido no “Livro dos Médiuns” sobre a constituição de uma sociedade espírita. Vez por outra ouvimos falar de uma ou outra contenda envolvendo Federações, Fraternidades e os próprios centros espíritas. No intuito de organizar o movimento espírita no país criaram-se conselhos e órgãos para centralizarem certas tendências, tentando proteger dentro de certos parâmetros a integridade da Doutrina.
Mas pelo caráter próprio de nosso planeta, do qual somos constituintes, essas organizações passaram a ser objeto de desejo, e aos poucos a vaidade e o egoísmo foram se imiscuindo dentro de tais organizações, com o apoio sutil do plano espiritual inferior, e criando discussões e deserções, criando-se novos conselhos e novos órgãos, e repetindo-se o mesmo processo de luta pelo poder como em outras denominações religiosas.
O que quero reforçar aqui não são os equívocos dessa ou aquela política, embora devamos estar atentos a existência deles. Ao contrário: devemos reforçar o conceito do centro espírita como célula do Espiritismo. É nele em que ocorre o intercâmbio seguro com os Planos Superiores, é onde os assistidos procuram ajuda, faz-se caridade e doutrina-se crianças e adultos, encarnados e desencarnados, para a necessidade do aprendizado e das lições do Cristo. Muitas casas têm o suporte de Federações e Fraternidades, que uniformiza algumas práticas e dá suporte didático com materiais para muitas delas. Isso é ótimo. A interferência, no entanto, na autonomia dos trabalhadores do grupo e da dinâmica da casa é que é nefasta e deve ser combatida duramente. Em muitos centros, por exemplo, as manifestações são reprimidas e inexistem sessões de instruções aos trabalhadores, que facilmente sucumbem às menores mistificações – como ainda existem pessoas crédulas e ingênuas no Espiritismo... Em alguns outros, filiados a uma determinada Fraternidade cujo nome a caridade pede silêncio, sequer a psicografia é aceita como meio de comunicação interplanos! Fala-se tanto de conselhos deliberativos, de órgãos de representação, de Federações ou Fraternidades e a casa espírita, núcleo de todo o movimento, continua entregue ao pouco cuidado de seus trabalhadores, que ignoram a necessidade de estudo e de reforma íntima.
Escolhemos postar um trecho de Kardec versando sobre a formação de Sociedades Espíritas, pequenas e grandes, apontando os porquês da preferências de reuniões íntimas, consolidando a posição da Casa Espírita como cerne do Espiritismo. Que esse trecho do Codificador possa nos alertar e guiar nos caminhos escuros que porventura nos deixamos tomar:

“Já vimos de quanta importância é a uniformidade de sentimentos, para a obtenção de bons resultados. Necessariamente, tanto mais difícil é obter-se essa uniformidade, quanto maior for o número. Nos agregados pouco numeroso, todos se conhecem melhor e há mais seguranaça quanto à eficácia dos elementos que para eles entram. O silêncio e o recolhimento são mais fáceis e tudo se passa como em família. As grandes assembléias excluem a intimidade, pela vaiedade dos elementos de que se compõem: exigem sedes espeiciais, recursos pecuniários e um aparelho admnistrativo desnecessário nos pequenos grupos. A divergência dos caracteres, das idéias, das opiniões, aí se desenha melhor e oferece aos Espíritos perturbadores mais facilidade para semearem a discórdia. Quanto mais numerosa é a reunião, tanto mais difícil é conterem-se todos os presentes. Cada um quererá que os trabalhos sejam dirigidos segundo o seu modo de entender; que sejam tratados preferentemente os assuntos que mais lhe interessam. Alguns julgam que o título de sócio lhes dá o direito de impor suas maneiras de ver. Daí, opugnações, uma causa de mal-estar que acarreta, cedo ou tarde, a desunião e, depois, a dissolução, sorte de todas as Sociedades, quaisquer que sejam seus objetivos. Os grupos pequenos jamais se encontram sujeitos às mesmas flutuações. A queda de uma grande Associação seria um insucesso aparente para a causa do Espiritismo, do qual seus inimigos não deixariam de prevalecer-se. A dissulução de um hrupo pequeno passa despercebida e, ao demais, se um se dispersa, vinte outros se formam ao lado. Ora, vinte grupos, de quinze a vinte pessoas, obterão mais e muito mais farão pela propaganda, do que uma assembléia de trezentos ou de quatrocentos indivíduos.
Dir-se-á, provavelmente, que os membros de uma Sociedade, que agissem da maneira que vimos de esboçar, não seriam verdadeiros espíritas, pois que a caridade e a tolerância são o dever primário que a Doutrina impõe a seus adeptos. É perfeitamente exato e, por isso mesmo, os que procedam assim são espíritas mais de nome que de fato. (...)”

Trecho extraído do capítulo “Das sociedades espíritas”, do Livro dos Médiuns, por Allan Kardec.

2 comentários:

  1. Este blog é uma agradável surpresa que encontrei na net.
    Felicito os autores da iniciativa.

    Felicito-vos, igualmente, por este bom trabalho sobre tema tão importante.

    Sirvamos e não nos sirvamos, é o que nos é pedido, mas nem sempre cumprido.

    Saudações!

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  2. Nós é que agradecemos a vossa valiosa visita. O blog é feito com muito carinho e nosso desejo é mesmo passar o máximo possível de informação sobre a Doutrina Espírita.

    Um abraço.

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