"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


16 setembro 2015

Teoria e prática



Um dos temas muito comentados no universo espírita, principalmente por aqueles que se julgam profundos conhecedores da doutrina, é a relação entre a teoria e a prática, muitas vezes traduzida de forma simplificada como espírito e matéria.

E nessas discussões é normal levantar questões como: Qual o limite de um e de outra? Qual a mais importante? Como desenvolver?

Aqui não iremos apontar esse ou aquele trecho de obra doutrinária ou da codificação de Kardec, mesmo porque o objetivo não é criar uma luta entre essa ou aquela ideologia ou autor, mas sim buscar extrair a noção de teoria e prática por meio da lógica do cotidiano.

Primeiramente vamos olhar para o processo de percepção e atuação do homem. Como seres dotados da faculdade de pensar, nós embasamos parte de nossas interações com o mundo por meio da racionalidade, ou seja, pensamos e então agimos.

Porém, no momento em que praticamos uma ação, esse processo promove necessariamente uma resposta a nossa atuação, pois quando realizamos algum ato, essa interação irá criar uma consequência. A princípio parece complicado, mas vamos a um exemplo.

A mesa

Nós iremos construir uma mesa de madeira. Pensamos na estrutura, pés, tampo, acabamento etc, criando um modelo mental (que aqui chamaremos de ideia/conceito) sobre a mesa que queremos fabricar.

Pois bem, a medida que vamos construindo a nossa mesa, ou seja, saindo da ideia (conceito) para interagir com o ambiente, notamos que a transformação da matéria manipulada (madeira) é fruto da ação da ideia.

Porém ao mesmo tempo, a ideia também começa a sofrer a ação do material, pois a medida que vai recebendo novas informações a respeito das possibilidades daquele material trabalhado, vai conhecendo as propriedades e a melhor maneira de trabalhá-las.

Assim, falamos coisas do tipo: “achei que de tal forma fosse melhor, mas agora por causa disso é mais eficiente fazer de tal modo”, “pensei em fazer assim, mas acredito que agora deva ser de outra maneira”.

Numa primeira vez é bem provável que não consigamos alcançar todas as expectativas em relação a ideia que tínhamos em mente. Contudo, a medida que fabricarmos mais mesas a possibilidade delas ficarem mais parecidas com a nossa ideia é maior, pois estamos cada vez mais conhecendo as possibilidades do material e consequentemente, nos aperfeiçoando.

Dessa forma, a nossa ideia ou modelo mental (conceito) vai se modificando a medida que interagimos com o mundo. Assim, não é possível evoluir apenas absorvendo teorias, é necessário colocá-las em práticas para que sejam aperfeiçoadas por meio da interação com o mundo, tornando-se experiência acumulada.

É claro que quanto o maior número de informações formulando uma ideia, mais complexa e desenvolvida ela pode se apresentar, porém somente a prática é que vai alinhar essas informações e mostrar quais realmente são úteis.

O inverso também se mostra compatível, pois não adiantaria nada praticar algo sempre da mesma forma esperando um resultado diferente, pois faltam novas informações que poderiam direcionar para um caminho diferente.

Dessa forma, se pesarmos que toda a nossa experiência é o resultado da interação entre ideia e mundo podemos concluir que uma não se desenvolve plenamente sem a outra, portanto para que a nossa mesa evolutiva não fique manca, é necessários que as bases sejam correspondentes.

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