O intercâmbio mediúnico definitivamente não é tão simples como pensam muitos. Não se trata de repousar a mão sobre a fronte e ouvir vozes e ver seres desencarnados. Manifestações desse tipo correspondem a uma minoria que em geral ocorrem de forma mais sutil e sujeitas a diversas interferencias. Trataremos de algumas delas brevemente.
Dentro do campo da sintonia em que ocorre o fenômeno, o ruído sempre existe quando ocorre transferencia de informação - em qualquer sistema de transmissão. No caso da mediunidade tal ruído se associa a fatores ambientais e anímicos, isto é, referentes ao próprio médium. Um ambiente propício às manifestações, com pensamentos elevados cultivados em harmonia e simpatia entre os participantes, atrairá espíritos felizes e instruidos, auxiliando na sustentação dessas vibrações, mantendo um laço fluídico de ligação entre o perispírito do médium e do espírito comunicante mais estável. Quanto ao médium, seu grau de inconsciência também afeta a mensagem, mas sobretudo sua atitude mental.
Ao "receber" a mensagem do espírito, ela passa pela mente do médium, que observa seu fluxo torrencial alheio a si próprio, embora possa interferir sobre ele. É como se a mensagem fosse uma corredeira de água e o médium seu observador que eventualmente pode tentar barrar-lhe o movimento, dar-lhe mais força ou simplesmente deixar-se levar por ela. Essa interferência pode ser intencional ou não, inconsciente, em que o médium não consegue simplesmente diferenciar um conteúdo próprio de sua mente daquele do comunicante. Por isso é muito importante a educação mediúnica para se exercer tal prática com segurança, uma vez que na lida direta com o trabalho mediúnico as situações são praticamente infinitas e frequentemente visitam o inusitado.
O estudo constante do trabalhador espírita também é fundamental. Em parte pelo preparo para lidar com essa infinidade de situações de vida - e de morte - que o contato com os desencarnados provê, e em outra pois como um porta-voz dessas entidades deve esmerar-se por ser o mais fiel possível.
Já o problema da sintonia talvez seja o mais importante pois depende do status mental do médium, sua dedicação à sua reforma moral, sua capacidade de concentração e de atingir elevadas esferas com seu coração. Um servidor invigilante, vítima de excessos e de pensamentos pouco nobres, facilmente se verá envolto em idéias confusas e exóticas, que longe de esclarecer, apenas levarão dúvida e sombra a quantos a ouçam, mas principalmente ao médium.
Novamente, debalde todo o conhecimento adquirido sobre a ocorrencia mediunica em toda a sua diversidade, resvalamos sempre no problema moral do homem. O fenômeno impressiona, mas o Evangelho educa e regenera.
Uma prática mediúnica responsável requer, antes de ciência, caridade e amor.
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