"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


03 dezembro 2009

Desenvolvimento mediúnico

 Todos possuímos algum grau de mediunidade, que se caracteriza pelo registro de entidades desencarnadas. Alguns sentem um arrepio, um formigamento; outros sonham vividamente com seres extra-físicos; outros podem ver esses mesmos seres e, não raro, alguns se comunam tão intimamente das idéias desses espíritos por sua aproximação que dão passividade a suas idéias, palavras e até mesmo feições faciais e voz, a chamada psicofonia (ou "incorporação", termo mais popularmente usado, embora incorra num erro conceitual, uma vez que o comunicante não toma o corpo do médium, mas faz ligações fluídicas em pontos sensíveis de seu perispírito).

Dito isto, como a mediunidade se apresenta em seus primórdios? É possível desenvolvê-la? Constitui prova ou privilégio? Tentaremos modestamente abordar essas questões nos próximos parágrafos.

A eclosão da mediunidade pode se dar de diversas maneiras. Em grande parte, o médium, geralmente desconhecedor da Doutrina ou do que seja mediunidade, sofre grandes transtornos pelo desequilíbrio em que se encontra ao vivenciar fatos espirituais e impressões que o levam a pensar estar enlouquecendo. Em outros, ela se dá de maneira gradual, na medida em que novos conhecimentos se somam e o médium em gérmen começa a dilatar suas potencialidades até tomar parte do serviço mediúnico de forma completa. A associação com a loucura, conforme falamos há pouco, é complexa, e preconceitos de diversos tipos com a mediunidade, mormente em religiões pentecostais (embora eles mesmos doutrinem espíritos e permitam uma série de manifestações, chamando-os de "demônios") nada ajuda a resolver a síndrome mediúnica de eclosão, e nenhum esclarecimento ou consolo traz ao candidato a colaborador do plano espiritual.

Mas quem consegue desenvolver ou possuir, ainda que em gérmen, tal faculdade? Kardec, nO Livro dos Médiuns, foi enfático ao descrever tal faculdade como orgânica, intrínseca a determinada conformação somática. Essa tese foi desenvolvida por André Luiz, que inclusive situou o centro da mediunidade nas atividades da glândula pineal, reforçando ainda mais o postulado kardequiano. Alguns autores, entretanto, sustentam que a faculdade possui além do caráter orgânico inerente, uma estreita relação com o desenvolvimento moral da criatura. Esta, à medida que se espiritualiza, passa a perceber vibrações mais sutis, condizentes com as suas, e registra, então, impressões do plano espiritual. Uma objeção facilmente seria feita ao vermos tantas pessoas estranhas ao Espiritismo e, muitas vezes, com condutas moralmente inaceitáveis desenvolverem tais aptidões. Isso porque a mediunidade constitui para tais criaturas situação de prova ou expiação, em que foi outorgado a eles esse instrumento de trabalho para que se melhorassem contribuindo na melhora dos outros com a mediunidade. Para outros, mais conscientes de suas tarefas, a mediunidade vem mais branda, de forma mais natural, conforme compromisso assumido no plano espiritual.

A questão é complexa e é difícil na prática tomarmos as coisas de forma tão absoluta, por um outro ponto de vista. Raciocinemos: o corpo é o grande responsável pela manifestação mediúnica; mas este mesmo corpo está subordinado em sua formação às características intrínsecas de seu perispírito, chamado por alguns mais modernamente como Modelo Organizador Biológico (MOB), que é mais ou menos depurado segundo o grau de adiantamento moral do espírito reencarnante. Ou seja, indiretamente a evolução do Espírito interfere no processo de formação de seu corpo, e conseguintemente, das condições de suas futuras potencialidades mediúnicas. O que extrapolamos disso é que a faculdade é sim orgânica, mas sua gênese está também atrelada ao adiantamento do próprio Espírito, e, assim, notamos que a moral pode atuar positivamente na mediunidade, mas que ela dependerá exclusivamente das condições físicas que o corpo dispuser para sua manifestação.

O que acima denominei "desenvolvimento mediúnico" seria mais apropriadamente chamado "educação mediúnica". Seria o processo de se aperceber de suas capacidades extra-sensoriais e utilizá-las de modo útil no contanto com os desencarnados. No entanto, além das melhores disposições é necessário muito estudo e um grupo coeso de estudos com o amparo dos Protetores Espirituais para um melhor aproveitamento. Desse modo, é possível educar essa capacidade, otimizando sua manifestação, exercendo-a de forma segura, sem interferências das trevas, e tornando-se cada vez mais intermediário fiel do Além.

Mas vale ressaltar aqui a declaração inicial de todos podermos registrar de alguma forma a presença de desencarnados, que a mediunidade não é privilégio, mas acréscimo de responsabilidade no trabalho no Bem, sobre todos no planeta, ilustrando as palavras do Mestre Jesus: "Nos últimos tempos, diz o Senhor, difundirei do meu Espírito sobre toda carne; vossos filhos e filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos, sonhos. Nesses dias, difundirei do meu Espírito sobre os meus servidores e servidoras, e eles profetizarão." (Atos, 2:17 e 18)

Bibliografia
1. O Livro dos Médiuns, por Allan Kardec, Editoras LAKE, FEB, IDE, BOA NOVA
2. Missionários da Luz, André Luiz (Espírito), psicografado por Francisco Cândido Xavier, FEB editora.
3. Evolução em Dois Mundos, André Luiz (Espírito), psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB editora.
4. Mediunidade, Edgard Armond. Aliança Editora.
5. O Evangelho Segundo o Espiritismo, por Allan Kardec. Editoras LAKE, FEB, IDE, BOA NOVA
6. Curso de Educação Mediúnica. Autores Diversos. FEESP Editora

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