"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


07 novembro 2009

Paulo e Estevão

O ápice da produção mediúnica de Chico Xavier

Grandes mestres da Literatura nos causam profundas emoções, às vezes difíceis de definir, quando lemos suas obras. Costumo dizer que Kafka me ensinou a sentir estranhamento e angústia; James Joyce, perplexidade e êxtase; Machado de Assis, ironia, humor e sobriedade. Mas foi Emmanuel que me ensinou a chorar lendo um livro. E Paulo e Estevão está simplesmente no rol das grandes contribuições espíritas ao beletrismo português. Devia ser cobrado em vestibulares, inclusive.
Isso porque sua qualidade literária é indiscutível, por quem quer que o leia. Logo na primeira cena, em que o pai de Estevão é agredido, Emmanuel descreve a cena com cores fortes, não poupa palavras e imagens, numa construção que bem poderia ser usado em algum filme expressionista. A linguagem flui ágil da pena de Xavier, e toma vida nas sucessivas páginas do livro.

A biografia de dois grandes mártires do Cristianismo é contada com muitas minudências e referências aos textos bíblicos. Mas é um livro de apelo afetivo, que longe de idealizar seus personagens, os humaniza e atormenta com toda a carga de dificuldades próprias na senda evolutiva do mundo corpóreo. Dificuldades, perseverança e fé são temas recorrentes na obra, que de forma poética e grandiosa, no estilo erudito e clássico de Emmanuel, narra o martírio de Estevão e a conversão de Saulo, nascido em Tarso, Paulo, nascido em Cristo.
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Em pequeno preâmbulo, Emmanuel, profundo conhecedor que é do Espírito humano, vislumbra àqueles que lerão o livro ávidos por confrontá-los com fontes históricas ditas seguras e insofismáveis. Mas sem almejar tal rigor, o Autor Espiritual, profundo admirador da personalidade do Apóstolo dos Gentios, conta que pretende narrar e enaltecer alguns aspectos da vida de Paulo pouco conhecidos, lançando nova luz sobre alguns hiatos presentes nos registros oficiais.
A cena da aparição de Jesus a Paulo no caminho de Damasco e da despedida de Paulo antes de ir à Roma, são particularmente belas em seu aspecto narrativo. As descrições dos costumes e da vida política também são muito ricas, ambientando a narrativa de modo convincente.
É um livro para ser lido e admirado. Àqueles que não o conhecem, estejam certos, espíritas ou não, que grandes emoções os esperam nesse livro.

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