Pensemos em nossa vida de seres criados por Deus como se
fosse o desenrolar dos dias. Existe uma sucessão de fatos em ordem cronológica
que produz desdobramentos lógicos futuros, no entanto, essas ações estão
relacionadas a escolhas presentes, porém, embasadas em vivências passadas, pois
a experiência só se consolida após o acontecimento.
Contudo, no decorrer da sucessão de fatos, novas escolhas
são feitas e podem alterar as predições futuras, já que essas não se
concretizaram ainda. Essas escolhas também geram experiências que se somam as
anteriores, formando novas conexões, reformulando o nosso passado no sentido de
expressá-lo, porém sem alterá-lo em sua forma fatídica.
Dessa forma, chegamos a um complexo mecanismo
espaço-temporal, em que o ser tem a sua frente um presente que permeia o
passado e futuro, sendo que as delimitações cronológicas ficam retidas às ações
fatídicas, no entanto, a ressignificação desses contextos é reformulada a cada
nova vivência do ser.
Com isso, as fronteiras entre passado, presente e futuro se
diluem se pensadas numa dimensão não linear, pois as interações entre esses
tempos acontecem de forma incessante, e na atualidade. Assim, podemos dizer que
a continuidade ou descontinuidade do espaço e tempo vai depender de como estamos
olhando para nossa vida, se isso é de forma fragmentada ou integral.
Essa noção de rompimento de fronteiras traz implicações de
grande ordem na existência, pois se estou olhando de forma fragmentada há a
tendência de observar os fatos de modo mais determinista e localizado, no
entanto se vejo de maneira integral a visão se amplia e se capacita a um
entendimento de contexto universal.
Assim, na primeira visão temos um esquema divisional da vida,
uma imortalidade inconsciente, já que ela fica subentendida pelas etapas e
restrita pelo fenômeno da morte. Já na segunda, o conceito de imortalidade é
vivido na forma mais pungente, pois a expressão do ser não se limita nas etapas
fatídicas, mas se erradia e interpenetra entre esses contexto, produzindo a
consciência da continuidade da vida, não importando a localidade espaço
temporal em que o ser de encontra, pois se o fluxo de vida do ser é contínuo o
deslocamento cronológico ou espacial é que se inserem neste contexto e não a
consciência que se enquadra nessas delimitações.
Há então o conceito da
naturalidade da reencarnação.