"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


26 novembro 2013

Que tipo de aluno sou?



No Espiritismo estamos sempre falando de provas e expiações, porém em algumas situações não sabemos se nos encontramos na primeira ou segunda condição. Essa dificuldade acontece porque não compreendemos o que significa uma e outra.

Emmanuel em “O Consolador” nos ilustra a diferença na resposta à pergunta 246: “A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime”.

Procurando analisar essa resposta podemos notar que em provação é usada a palavra ‘discípulo’, enquanto que na segunda Emmanuel fala em ‘malfeitor’. Daqui vemos que parte da concepção que difere as duas situações diz respeito ao nível de consciência, pois um discípulo não é alguém perfeito, mas sim um iniciado em algum conhecimento, enquanto que um malfeitor desconhece ou descumpre regras e leis.

Filtro
Tendo isso em mente podemos observar outro ponto, mas agora quanto ao caminho percorrido. Na resposta de Emmanuel, o discípulo encara isso como uma ‘luta’, enquanto que para o malfeitor é uma ‘pena’. Aqui o interessante é que encontramos um ponto em comum entre as duas situações, ambos enfrentam dificuldades, sejam elas de forma voluntária (por um ideal) ou imposta.

Com essa visão diante do caminho escolhido é possível notar que não apenas o nível de consciência se faz presente em relação ao aprendizado (conhecer ou desconhecer/descumprir regras), mas sim é perceptível como opera o aprofundamento deste conceito, pois a maneira como é vista a direção seguida mostra como é utilizado o conhecimento adquirido ou ignorado.

É como se o conhecimento, seja pequeno ou grande, funcionasse como um filtro em que o mundo passasse por ele, chegando a nós aquilo que o filtro permitiu, ou seja, se vamos ter mais ou menos grãos em nossa água será de acordo com a nossa capacidade de filtrar.

Dessa forma, podemos falar em prova ou expiação de acordo com a nossa bagagem de conhecimento internalizado em nosso ser, ou seja, daquilo que aprendemos e conseguimos colocar em prática, pois, por exemplo, não adianta nada conhecer todos os reflexos bioenergéticos do perdão senão soubemos perdoar quem pisou no nosso pé na fila do supermercado.


Aulas diárias
Uma sala de aula tinha 30 alunos jovens entre idades de 16 e 17 anos, porém dois deles se destacavam: o primeiro mantinha uma disciplina de estudo enquanto o outro não era afeito a esse tipo de atividade e nem se importava com isso.

Pois bem, é dia de prova de Matemática, a classe tem três horas para terminar o teste de 20 questões. O primeiro encontra dificuldades, pois essa atividade não deixa de causar um desconforto por se tratar de um método de avaliação de conhecimento, mas vê naquelas questões uma maneira de encontrar os seus pontos de maior dificuldade e com isso aumentar a eficiência do seu aprendizado.

Porém o segundo não está preparado para dar a resposta adequada a certos problemas, então vê aquilo como um grande castigo por não ver motivo aparente do porquê precisa passar por aquilo, tendo em vista que até o momento não era necessário se preocupar com nenhum assunto envolvido ali.

Muitas vezes apresentamos esses comportamentos diante de situações da nossa vida, em alguns pontos parecemos o primeiro estudante, aprendemos várias coisas durante a nossa trajetória e a resignação nos mostra que tudo tem um fim útil, sendo a dificuldade como uma prova de modo a atestar se realmente aprendemos algo.

Porém quando pensamos em nossa historia como punição estamos afirmando a nossa ignorância diante dos conhecimentos que ainda não assimilamos, mostrados pelo nosso despreparo diante da situação.








17 novembro 2013

Sofrer é preciso.

Ninguém gosta de sofrer ou ficar triste, passamos a vida inteira em uma busca frenética e constante atrás da felicidade e, quando a encontramos, desejamos que ela dure pra sempre e consequentemente nossa vida se torne um conto de fadas com final feliz. Mas infelizmente não é assim, pelo menos não em nosso estágio atual de desenvolvimento espiritual, com certeza um dia chegaremos ao estágio de felicidade plena e constante mas ainda estamos muito longe disso e temos muito a aprender. Costumo sempre dizer que a felicidade a qual conhecemos atualmente é do tipo variável e inconstante, ou seja, ela vem mas não dura, basicamente um indivíduo pode-se declarar feliz durante boa parte de sua vida, mas ele mesmo sabe que haverá momentos turbulentos, de dor, de sofrimento.

Antes que você, caro leitor, comece a desconfiar de que eu esteja desejando que você não seja feliz, ou pior, que sofra, vou tentar explicar um pouco como o sofrimento nos ajuda, por mais estranho que isso possa parecer.

O que é o sofrimento?

Uma rápida consulta ao dicionário nos traz algumas respostas:

Significado de Sofrimento

s.m. Dor física ou moral; padecimento, amargura.
Desgraça, desastre.

Sinônimos de Sofrimento

agrura, desconsolação, desgosto, mágoa e pesar.

É simplesmente uma condição em que nos coloca em um estado muito difícil de se lidar e que muitas vezes suspende nossa rotina normal até que uma solução apareça. O que ocorre é que nesse meio tempo acabamos, mesmo que muitas vezes "involuntariamente", refletindo sobre o motivo de estarmos passando por isso, como devemos proceder para encontrar solução para seguir em frente e, mais importante ainda, compreender o fato para que no futuro evitemos isso novamente, ou seja, um verdadeiro aprendizado.

Como conhecer a felicidade plena sem antes saber como é o seu oposto? Tudo tem os seus dois lados, o seus opostos, como o bem e o mal, o calor e o frio, o ar e o vácuo, não se explica um se antes conhecer o outro e assim é também com a felicidade e o sofrimento. Sofrer é preciso para que possamos conquistar a felicidade. Mesmo diante do sofrimento devemos refletir e tentar extrair coisas positivas daquele momento, esse é o aprendizado da vida onde a felicidade é o resultado positivo das coisas negativas que enfrentamos, pois não haveria sentido em ser feliz sem nunca ter sofrido.

Vejamos então o que nos diz o Evangelho Segundo o Espiritismo sobre esse ciclo entre o sofrimento e a felicidade, no Capítulo V - Itens 1 a 3:

Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. — Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. — Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, vv. 5, 6 e 10.)
Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. — Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. — Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 20 e 21.) 
Mas, ai de vós, ricos que tendes no mundo a vossa consolação. — Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 24 e 25.)

Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contra-senso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos.

Fica claro nas citações acima o ciclo em que a felicidade não é duradoura mas ao mesmo tempo o sofrimento também não, passa-se por um para chegar ao outro e assim vamos alternando nesse aprendizado não só nessa vida atual como nas outras que virão e nas que já passaram.

A vida é uma escola onde estamos em franco aprendizado durante nossa jornada, mesmo sofrendo estamos tendo a oportunidade de aprender e essa é a verdadeira felicidade, é a recompensa por ter vencido um momento difícil e conseguido seguir em frente, por isso, sem dúvidas, sofrer é preciso e ser feliz é consequência.