No Espiritismo estamos sempre falando de provas e expiações,
porém em algumas situações não sabemos se nos encontramos na primeira ou
segunda condição. Essa dificuldade acontece porque não compreendemos o que
significa uma e outra.
Emmanuel em “O Consolador” nos ilustra a diferença na
resposta à pergunta 246: “A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e
preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a
pena imposta ao malfeitor que comete um crime”.
Procurando analisar essa resposta podemos notar que em provação
é usada a palavra ‘discípulo’, enquanto que na segunda Emmanuel fala em
‘malfeitor’. Daqui vemos que parte da concepção que difere as duas situações
diz respeito ao nível de consciência, pois um discípulo não é alguém perfeito,
mas sim um iniciado em algum conhecimento, enquanto que um malfeitor desconhece
ou descumpre regras e leis.
Filtro
Tendo isso em mente podemos observar outro ponto, mas agora
quanto ao caminho percorrido. Na resposta de Emmanuel, o discípulo encara isso
como uma ‘luta’, enquanto que para o malfeitor é uma ‘pena’. Aqui o
interessante é que encontramos um ponto em comum entre as duas situações, ambos
enfrentam dificuldades, sejam elas de forma voluntária (por um ideal) ou
imposta.
Com essa visão diante do caminho escolhido é possível notar
que não apenas o nível de consciência se faz presente em relação ao aprendizado
(conhecer ou desconhecer/descumprir regras), mas sim é perceptível como opera o
aprofundamento deste conceito, pois a maneira como é vista a direção seguida
mostra como é utilizado o conhecimento adquirido ou ignorado.
É como se o conhecimento, seja pequeno ou grande, funcionasse
como um filtro em que o mundo passasse por ele, chegando a nós aquilo que o filtro permitiu, ou seja, se vamos ter mais ou menos grãos em nossa água será de acordo com a nossa capacidade de filtrar.
Dessa forma, podemos falar em prova ou expiação de acordo com a
nossa bagagem de conhecimento internalizado em nosso ser, ou seja, daquilo que
aprendemos e conseguimos colocar em prática, pois, por exemplo, não adianta
nada conhecer todos os reflexos bioenergéticos do perdão senão soubemos perdoar
quem pisou no nosso pé na fila do supermercado.
Aulas diárias
Uma sala de aula tinha 30 alunos jovens entre idades de 16 e
17 anos, porém dois deles se destacavam: o primeiro mantinha uma disciplina de
estudo enquanto o outro não era afeito a esse tipo de atividade e nem se
importava com isso.
Pois bem, é dia de prova de Matemática, a classe tem três horas
para terminar o teste de 20 questões. O primeiro encontra dificuldades, pois essa
atividade não deixa de causar um desconforto por se tratar de um método de
avaliação de conhecimento, mas vê naquelas questões uma maneira de encontrar os
seus pontos de maior dificuldade e com isso aumentar a eficiência do seu aprendizado.
Porém o segundo não está preparado para dar a resposta
adequada a certos problemas, então vê aquilo como um grande castigo por não ver
motivo aparente do porquê precisa passar por aquilo, tendo em vista que até o
momento não era necessário se preocupar com nenhum assunto envolvido ali.
Muitas vezes apresentamos esses comportamentos diante de situações
da nossa vida, em alguns pontos parecemos o primeiro estudante, aprendemos
várias coisas durante a nossa trajetória e a resignação nos mostra que tudo tem
um fim útil, sendo a dificuldade como uma prova de modo a atestar se realmente
aprendemos algo.
Porém quando pensamos em nossa historia como punição estamos
afirmando a nossa ignorância diante dos conhecimentos que ainda não assimilamos,
mostrados pelo nosso despreparo diante da situação.