A nossa jornada da vida muitas vezes parece penosa, com mais
obstáculos do que deveria e de certa forma cansativa em alguns pontos.
No entanto, será que isso se deve ao caminho que
percorremos, à nós mesmos ou a ambas a situações? Pois bem, tudo isso ao mesmo
tempo e para entender melhor, vamos pensar numa viagem como mochileiros em
paralelo com algumas questões do Livros do Espírito, de Allan Kardec.
Quando nos tornamos individualizações do pensamento do
Criador, iniciamos nossa jornada evolutiva com todo o equipamento e conhecimento
necessário (questão 621/LE) para avançar nos caminhos do universos.
Durante esse caminhar, acabamos por nos maravilhar com a
paisagem pela qual passamos, e naturalmente, pensamos em levar algo daquele
lugar além da experiência vivenciada. Assim, pegamos uma lembrança e colocamos
em nossa mochila.
Continuamos a caminhar e a cada local que nos impressiona os
sentidos vamos colocando mais uma lembrança dentro de nossa mochila. “Essa
pedrinha me faz lembrar de tal lugar. Já esse pedaço de galho me remete à tal
paisagem”.
Porém, chegamos num ponto em que a mochila parece pesada e
os passos ficam lentos e cansativos. É neste momento em que começamos a
repensar algumas de nossas prioridades, buscando alinhar nossa conduta como as
regras a que estamos submetidos no caminho, não mais nos revoltando com a ordem natural, mas sim aprendendo a lidar com ela da melhor maneira possível (630/LE).
Vemos que talvez aquela pedra não seria tão necessária permanecer
com a gente e aquele pedaço de galho pode muito bem ser representado pela nossa
experiência de vida. Aí então nos recordamos do objetivo de nossa jornada (132/LE)
e acabamos por nos livrar de certas coisas desnecessárias para prosseguir a
viagem.
Descobrimos que todo o necessário para sobreviver e concluir
nossa jornada já estava dentro de sua mochila desde o começo (619/LE), faltava
saber usar adequadamente ao ambiente. Assim, começa o progresso novamente, mostrando
indícios de um caminhar mais leve, antevendo que cada passo da jornada não é um
ponto isolado de seu objetivo final, mas sim uma etapa necessária dentro de um
planejamento maior que interliga e dá o pano de fundo a toda a caminhada
(918/LE).
Com isso percebemos que a nossa vida não é composta por
sucessivas encarnações e desencarnações, mas unicamente pela imortalidade de um
ser único que engloba as passagens entre os diversos planos de manifestação da
vida como modo de aprendizado evolutivo, assim como o mochileiro que não deixa
de percorrer seu caminho principal, embora na sucessão dos dias passe por
lugares diferentes (222/LE)
.REFERÊNCIAS
Livro dos Espíritos,
questão 132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à
perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa
perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é
que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em
condições de suportar a parte que lhe toca na obra da Criação. Para executá-la
é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria
essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens
de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
619. A todos os
homens facultou Deus os meios de conhecerem sua Lei?
“Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens
de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem.
Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso
se efetue.”
621. Onde está
escrita a Lei de Deus?
“Na consciência.”
630. Como se pode distinguir o bem do mal?“O bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a Lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.”
918. Por que indícios
se pode reconhecer em um homem o progresso real que lhe elevará o Espírito na
hierarquia espírita?
“O Espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de
sua vida corporal representam a prática da Lei de Deus e quando antecipadamente
compreende a vida espiritual.”