"O exercício do amor verdadeiro não pode cansar o coração"
Emmanuel


25 agosto 2009

Cometas e estrelas

Como essas semanas estão sendo corridas, tanto pra mim quanto para o Júlio, vou bater ponto e postar aqui uma mensagem sobre amizade que achei muito interessante. Apesar de não saber exatamente o autor e também não ter um cunho estritamente espírita, a mesagem vale, e muito, como uma reflexão sobre uma coisa importantissima em nossas vidas, a amizade.

Há pessoas estrelas; há pessoas cometas.Os cometas passam. Apenas são lembrados pelas datas que passam e retornam. As estrelas permanecem. Os cometas desaparecem.Há muita gente cometa. Passam pela vida da gente apenas por instantes, gente que não prende ninguém e a ninguém se prende. Gente sem amigos. Gente que passa pela vida sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presença.Há muita gente cometa. Assim são muitos e muitos artistas. Brilham apenas por instantes nos palcos da vida. E com a mesma rapidez com que aparecem, também desaparecem. Assim são muitos reis e rainhas de todos os tipos. Reis de nações, rainhas de clubes ou concurso de beleza. Assim são pessoas que vivem numa mesma família e que passam pelo outro sem serem presença.Importante é ser estrela. Estar presente. Marcar presença. Estar junto. Ser luz. Ser calor. Ser vida.Amigo é estrela. Podem passar os anos, podem surgir distâncias, mas a marca fica no coração. Coração que não quer enamorar-se de cometas que apenas atraem olhares passageiros. E muitos são cometas por um momento. Passam, a gente bate palma e desaparecem.Ser cometa é não ser amigo. É ser companheiro por instantes. É explorar sentimentos. É ser aproveitador das pessoas e das situações. É fazer acreditar e desacreditar ao mesmo tempo.A solidão de muitas pessoas é conseqüência de que não podem contar com ninguém. A solidão é resultado de uma vida cometa. Ninguém fica todos passam. E a gente também passa pelos outros.Há necessidade de criar um mundo de estrelas. Todos os dias poder vê-las e senti-las. Todos os dias poder contar com elas. Todos os dias ver sua luz e calor.Assim são os amigos. Estrelas na vida da gente. Pode-se contar com eles. Eles são uma presença. São aragem nos momentos de tensão. São luz nos momentos escuros. São pão nos momentos de fraqueza. São segurança nos momentos de desânimo.Olhando os cometas é bom não sentir-se como eles. Nem desejar-se prender-se em sua cauda. Olhando os cometas é bom sentir-se estrela. Marcar presença. Ter vivido e construído uma história pessoal. Ter sido luz para muitos amigos. Ter sido calor para muitos amigos. Ter sido calor para muitos corações.Ser estrela neste mundo passageiro, neste mundo cheio de pessoas cometas, é um desafio, mas acima de tudo uma recompensa: É NASCER E TER VIVIDO E NÃO APENAS EXISTIDO.

Um abraço a todos.

14 agosto 2009

Mesa branca

É comum encontrar pessoas relacionando o Espiritismo com a tal da mesa branca, geralmente essas mesmas pessoas não tem um conhecimento sobre a doutrina ou nem mesmo faz parte dela, muito embora as vezes os próprios espíritas acabam contribuindo para a confusão. Eu mesmo já me vi nessa situação, em que me perguntam qual religião eu sigo. Dai a coisa começa.

- Sou espírita.

- Ah é? nossa, então você vai em terreiros e essas coisas? como é ir nesses lugares?

- Não, veja bem, você está confundindo com outra crença, no Espiritismo não existe terreiros, não existe rituais, somente segue a codificação de Allan Kardec, o seu fundador.

- Ahh tá, agora entendi. Você é Kardecista.

- Não, mais uma vez está confundindo. Kardecismo não existe, esse termo, apesar de ser bem conhecido e relacionado ao Espiritismo, não existe na doutrina. Como disse, Kardec foi o codificador da doutrina, mas a doutrina se chama Espiritismo, pois seguimos a doutrina dos Espíritos e não Kardec em si, apesar do grande respeito que temos pelo codificador e o seu maravilhoso trabalho em relação a isso tudo.

- Hummm, tá certo. Agora sim deu pra entender. É mesa branca né?

O diálogo acima é bem comum, e a maioria das pessoas não tende a explicar as coisas como deveriam, e fica por isso mesmo, e a confusão continua.

Mas, afinal, o que é a tal da mesa branca?

Mesa branca nada mais é que um simples termo inventado para diferenciar o Espiritismo de outras crenças, como a Umbanda e o Candomblé. Falando bem na lata mesmo, é mais um termo inventado para que não confundam o Espírita com "macumbeiros", do mesmo modo que se faz com o termo "Kardecista".

Ao meu ver, o uso desses termos denota um certo preconceito com as outras crenças, já que os termos citados aqui não tem outro objetivo a não ser o de simplesmente colocar o Espiritismo em um ponto isolado em relação as outras doutrinas, como se o Espiritismo fosse, indiscutivelmente, "melhor" e "mais puro" que as outras. É um erro.

O grande problema está localizado entre os próprios espíritas que permitem o uso dos termos errados e permitem a continuidade desse equívoco. É de suma importancia o esclarecimento desses pontos, principalmente pra quem está chegando agora, pois são eles os responsáveis por levar, em um futuro próximo, a mensagem do Espiritismo.

12 agosto 2009

Chico Xavier - O Filme

Já tem data o lançamento nacional do filme "Chico Xavier", produzido e dirigido por Daniel Filho. O dia-a-dia das gravações podem ser acompanhadas no blog oficial das filmagens, na página do site oficial do filme.

O filme será lançado no dia 2 de abril de 2010, sexta-feira. Trata-se de uma data interessante pois coincidiu de cair no dia do centenário do médium e ser numa sexta-feira, dia nacional de estréias. Não bastasse isso, 2 de abril ainda é sexta-feira santa...



Um excepcional dia para o lançamento do filme.

Aos vendilhões dos templos modernos

Reportagem mediúnica de Humberto de Campos com Judas Iscariotes

Jesus expulsando os vendilhões do templo


Com a aceitação de denúncias contra alguns "vendilhões do templo", que massacram massas com seus pedidos estapafúrdios de dízimos e usam do poder temporal em benefício dos seus "negócios de fé", dominando grandes mídias, conforme publicamos há pouco no blog, acho interessante relembrarmos a conclusão de Judas em antológico texto psicografado por Chico Xavier:


"Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado,
onde o Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante. - Sabe quem é este? - murmurou alguém aos meus ouvidos. - Este é Judas. - Judas?!... - Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir a Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho... Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade do seu coração ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo. - O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariotes? - perguntei. - Sim, sou Judas - respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios... - E uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus? - Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e as tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilotos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sanedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder, já que, no seu manto e pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que, aliás, apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos. - E chegou a salvar-se pelo arrependimento? - Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus, e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial(JOANA D'ARC), onde, imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição, deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência... - E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza. - Sim... estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na cruz entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor... Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores. Quanto ao Divino Mestre - continuou Judas com os seus prantos - infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado... - E verdade - concluí - e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-LO. Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto."

Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos, contida no livro Memórias de Além Túmulo

11 agosto 2009

Espiritismo Gobalizado

Simpatia e sensacionalismo mesclam-se nas relações da grande mídia com o Espiritismo

Temos no Brasil, segundo ultimo censo do IBGE de 2000, 1,3% de nossa população se declarando espírita. Embora ainda represente uma fatia pequena do total da população, e quase não tenha crescido percentualmente nos últimos 10 anos, a Doutrina Espírita no Brasil mantém-se como foco de grande interesse da mídia e da população em geral. Basta ver a variedade de programas de temática espiritualista na televisão, como o programa do Gaspareto que até recentemente ia ao ar pela Rede TV em que o Espírito Kalunga respondia às questões dos telespectadores (por incorporação do médium) ou, de maior impacto, e as telenovelas – a novela “Alma Gêmea”, por exemplo, retornará à grade de programação da Rede Globo em “Vale a pena ver de novo” e tem como mote a reencarnação. Não é a primeira novela a tratar do assunto. Em 1976, a novela “O Profeta” da TV Tupi contou inclusive com a participação especial de Chico Xavier. “A Viagem” foi outro grande sucesso de audiência, mostrando a obsessão e os complexos de culpa no Além.
Mas qual a repercussão dentro e fora da Doutrina? Como os não-espíritas vêem esses temas trabalhados na televisão? E como os próprios espíritas se comportam diante deles?
Embora percentualmente pequenos, os espíritas brasileiros vivem dentro de uma realidade religiosa fragmentada. Assim como existem católicos “praticantes” e “não-praticantes”, no Espiritismo existem “espíritas” e “simpatizantes”. Os primeiros freqüentam regularmente Centros Espíritas, estudam a Doutrina (entenda-se bem, Evangelho de Jesus, Allan Kardec e Chico Xavier) e se esforçam por absorver os postulados espíritas e a moral de Jesus; os segundos também freqüentam Centros Espíritas, lêem livros espíritas, mas não se aprofundam o suficiente no estudo sistemático, às vezes temem reprovações de conhecidos e preferem se dizer “simpatizantes”, denominando-se como praticantes de religiões diversas da espírita. Estima-se que estejam 25 milhões de brasileiros nessa situação. Isso sem falar em pontos doutrinários. Cerca de 60 % dos católicos acreditam em reencarnação! E esse é um ponto teologicamente combatido pela Igreja.
Essa simpatia que existe foi conquistada – e a quantos custos! – em sua imensa parte por Chico Xavier. Sua vida foi marcada pela caridade, pelo despojamento de tudo que é material; tudo que fez foi mandar notícias do Além, consolando e enxugando lágrimas; estudando e ensinando na prática o verdadeiro Evangelho de Jesus. O trabalho sério o fez conhecido e respeitado, principalmente nos meios populares. Alguns cinicamente associam o trabalho filantrópico espírita a capilarização da Doutrina em meios pobres, tradicionalmente católicos (com uma tendência de crescimento evangélico). Isso é absurdo pois que os espíritas contam-se, segundo o mesmo levantamento do IBGE, entre as pessoas de maior escolaridade e renda. A simpatia pela temática espírita, com foco na reencarnação e na caridade, é legítima pela naturalidade de suas idéias em todos os meios e pelo trabalho sério e constante feito por muitos seareiros.
Obviamente que nem tudo deve ser comemorado. Em geral, existe muito respeito ao se tratar de temas espíritas na mídia em geral. Mas com a tomada da direção de inúmeros órgãos de imprensa por setores neopentecostais de interesses inconfessáveis, muitos preconceitos que pensávamos estarem mortos ressuscitaram pelas mãos de inúmeros pastores. Em um programa do “Show da Fé”, de R.R. Soares, quando perguntado sobre audição mediúnica, referiu-se claramente a tal situação por “obra do demônio”. Edir Macedo, em livro retirado do mercado por determinação da justiça, afirmava coisas semelhantes, chamando seus fiéis a nova cruzada contra religiões em que o demônio se manifestava, que acabou provocando diversos ataques a terreiros na Bahia e pichações em muros de instituições espíritas.
Isso para ficar apenas num irrisório número de situações de impacto. Alguns programas de “baixo calão” notabilizam-se muitas vezes por tratarem de tais temas de forma sensacionalista, trazendo, por exemplo, “sensitivos”, “videntes” para casas ou lugares para fazerem registros mediúnicos de determinada situação. Não preciso nem dizer quais os abusos possíveis de serem cometidos. Enquanto por um lado tentam associar o Espiritismo ao demônio, por outro, o colocam no mesmo rol de práticas de adivnhação, apresentando em ambos os casos a Doutrina por tudo aquilo que ela não é.
E qual o melhor meio de vencermos tais meios depreciativos? Nossa postura, nossas boas maneiras, nosso conhecimento e prática evangélicas, eis a melhor propaganda doutrinária que fazemos. Se temos amigos evangélicos, porque não estudar o Evangelho com eles? São profundos conhecedores dos Testamentos e poderíamos progredir muito com estudos conjuntos feitos de forma respeitosa. Podemos, enfim, sem medo de nos declararmos espíritas, trabalharmos muito bem com todos, sem esconder o bem que nossa religião nos faz e apontarmos o cerne comum de todas as religiões cristãs, o exemplo de Jesus.
Respeitemos a todas as religiões, com a retribuição amorosa àqueles que nos dispensam amor ou com a paga cristã de devolver o Mal com o Bem.